Hospital Santo Amaro reforça ações de humanização e implementa visitas online e boletins diários
Entre as inúmeras dificuldades trazidas pela pandemia de Covid-19, uma delas foi o distanciamento social. As relações foram diretamente afetadas: para reduzir o contágio, isolar-se virou prioridade. Contatos físicos como apertos de mão, abraços e beijos, de repente, se tornaram um risco à saúde. Novas formas de comunicação precisaram ser aprimoradas e os recursos tecnológicos são os grandes aliados. As videochamadas se popularizaram ainda mais e estão sendo usadas, inclusive, para amenizar a dor e a saudade de familiares e pacientes hospitalizados. Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santo Amaro (HSA), mantido pela Santa Casa de Misericórdia do Recife, as “visitas virtuais” começaram a ser implantadas no fim de maio e fazem parte de um grande projeto de acolhimento e humanização da assistência na instituição.
A diretora médica do HSA, Roberta Almeida, conta que a ideia se inspira no programa Visitas.com, implantado pelo Governo do Estado de Pernambuco em hospitais da rede pública. “Nosso hospital ganhou dois tablets, que foram doados pela ONG Juntos e, a partir daí, as nossas equipes assistenciais, juntamente com a equipe de Tecnologia da Informação, organizaram tudo e iniciamos esse projeto com sucesso, proporcionando um momento de alegria e alívio para os nossos pacientes e seus familiares”, explica. Ela acrescenta que o HSA já vem promovendo, desde o início da pandemia, os boletins diários, em que a equipe médica repassa todas as informações por telefone ao familiar. “Sabemos bem o sofrimento de cada parente, com a restrição de visitas. E a ausência de notícias pode gerar medo e insegurança”, pontua Roberta.
Esposa de um paciente com Covid-19 internado no HSA, Lucineia relata a atenção que vem recebendo das equipes, mesmo diante de um momento complicado que enfrenta: “Eu estou aqui, de longe, mas eu sinto o cuidado de vocês. Todos os dias quando a doutora liga, eu sinto muita confiança no que ela passa. Eu desejo que Deus continue abençoando cada um. O hospital está de parabéns. Agradeço de coração”. Já Angélica está com o pai internado na UTI do HSA, com suspeita de Covid-19, e também foi só elogios ao atendimento. “Nesse hospital o tratamento é bem diferente, me sinto privilegiada. A equipe médica é excelente, não tenho nada a reclamar”, resumiu.
Para a médica Bruna Barros, responsável por repassar os boletins diários, esse acolhimento à distância é um desafio, mas, segundo ela, é recompensador o resultado. “Eu prefiro sentar junto das pessoas, conversar pessoalmente. Está sendo uma carga emocional muito grande. Mas ficamos realizados em sentir a reação de alívio das pessoas ao receber boas notícias, os agradecimentos que chegam à equipe, as orações. É preciso força para continuarmos nessa dura missão, pois nem sempre as notícias são animadoras”, conta Bruna.
As primeiras videochamadas realizadas às famílias deixaram a equipe emocionada. Foi o caso da enfermeira Julyanna Laranjeira, que acompanha de perto os pacientes da UTI. “Foi incrível ver os olhinhos deles brilhando de felicidade ao poder se comunicar com a família. É muito gratificante presenciar esses momentos”, revela. A psicóloga Marta Batista, que também integra o projeto, afirma que a união da equipe e o apoio da gestão têm feito toda a diferença: “Um trabalho realizado com um time maravilhoso e super capacitado, voltado para o acolhimento, humanização e sensibilização de uma forma ímpar”.
A iniciativa do HSA chamou a atenção do médico Guilherme Costa, que já atuou como Coordenador da UTI e até hoje continua realizando trabalhos pontuais na instituição. “É fantástico! Muito importante e valioso. Além dos boletins com a drª Bruna, a equipe ainda faz videoconferência dos pacientes com a família, com acompanhamento da Psicologia e Enfermagem. É incrível… Não tenho visto em outros hospitais este processo de humanização tão cuidadoso para os dois lados – paciente e família – na forma como vocês estão fazendo. Quero deixar registrada a minha admiração e respeito a todos”, declarou o médico.
‘O NOVO NORMAL’
As visitas virtuais só foram possíveis graças à tecnologia dos tablets, aparelhos portáteis, fáceis de manusear, e a utilização de um software leve chamado IMO, desenvolvido por uma startup. É por meio desse aplicativo, semelhante ao popular Whatsapp, que as videochamadas são realizadas. De acordo com o CIO da Santa Casa Recife, Genaro Carrazzone, essa nova forma de comunicação é uma crescente e a pandemia apenas acelerou esse processo. “Videoconferências, assinaturas digitais de documentos, compras com entrega delivery, aulas e reuniões online. Os recursos tecnológicos já fazem parte da nossa realidade há um bom tempo, mas esse atual cenário nos impulsiona a um novo estilo de vida. Essas novas relações, sejam sociais ou comerciais, estão sendo fortalecidas agora e vão permanecer, mesmo após o término da pandemia”, observa Genaro. “É o que estamos chamando de ‘o novo normal’. Essas mudanças vêm para ficar”, conclui.