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22/08/2022

Gestor tem papel importante no acompanhamento da saúde mental dos colaboradores

É possível que nunca antes tenha se falado tanto sobre saúde mental. As redes sociais e o estreitamento das comunicações amplificaram ainda mais as abordagens, trazendo à tona o conhecimento a respeito de novos transtornos, mas também muitas alternativas para lidar com eles. Um dos campos mais levados ao centro da conversa é o ambiente corporativo, onde os líderes e gestores podem desempenhar papel fundamental na manutenção do bem-estar coletivo e individual dos membros de suas equipes.

Depressão, transtornos de ansiedade e síndrome do pânico são as queixas mais frequentes, mas novas doenças vêm chamando atenção quando se fala de saúde x trabalho. Caso da Síndrome de Bornout, por exemplo, em que há uma estafa física e mental por excesso de trabalho e dedicação às tarefas ligadas a ele. O transtorno figura, desde 1º de janeiro deste ano, na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS), quando passou a ser considerado doença ocupacional.

Com menos popularidade, mas ainda digno de atenção, o languishing, termo cunhado pelo psicólogo e escritor norte-americano Adam Grant, é considerado um distúrbio trazido pela pandemia e causa, sobretudo, um sentimento generalizado de apatia, estagnação.

O que todas estas e mais outras doenças ligadas à saúde psicológica têm em comum é a necessidade de haver uma rede de apoio capaz de auxiliar na identificação do problema, dando suporte para o tratamento e fornecendo acolhimento durante a fase de retomada pós-recuperação. É uma missão coletiva, de preocupação com o bem-estar geral, e que pode, nas empresas, estar centralizada na figura do gestor.

"É preciso estar sensível a comportamentos que destoem muito da natureza da pessoa ou que sejam nitidamente depressivos, ou seja, aqueles que são exagerados. Aí se encaixam a alegria em excesso, quando se fala ou sorri alto demais, saindo do que chamamos de 'linha reta'; ou as pessoas muito caladas, que não se comunicam, não interagem com os demais, estão sempre cabisbaixas", aponta a psicóloga Raldilze Bezerra, coordenadora de recursos humanos do Grupo Trino.

O estresse, acrescenta a psicóloga, também costuma se manifestar em atitudes ríspidas e respostas agressivas. Portanto, tudo que saia de um comportamento comum ou fuja do que era o estado normal do colaborador, deve ser observado. Além do gestor, colegas, com quem geralmente se passa a maior parte do expediente diário, podem observar tais sintomas e sugerir a procura por um profissional especializado.

Além disso, Raldilze Bezerra reforça que a prevenção, com atitudes que valorizem a dignidade humana e o bom desempenho das atividades, são fundamentais para evitar que mais pessoas sejam vítimas de tais doenças.

"É importante ter em mente que o trabalho é um ambiente ao qual vamos para sermos produtivos, para que possamos gerar renda e, então, usufruirmos de momentos de lazer, constituição de família e manutenção de nossas demais necessidades. Esse lugar não pode ser tirânico. Bullying, opressão e desrespeito não devem ser tolerados e nem confundidos com chateações do dia a dia. Cobranças pelo alcance de metas, por exemplo, sempre vão acontecer, mas dentro do limite de respeito com o outro", observa.

"É preciso respeitar as individualidades, sem discriminação, ofensas, encarceramentos psicológicos ou diminuição da dignidade humana. Portanto, além das regras de segurança física, o espaço corporativo deve prezar pelo bem-estar da saúde mental de seus colaboradores".